Há um ano, localidade da Rússia se assustava com queda de meteorito.
Há um ano, os moradores da cidade russa de
Chelyabinsk olharam assombrados para o céu e muitos pensavam que tinha começado
uma guerra nuclear. Mas o que aconteceu foi que um asteroide rasgou os céus,
provocando uma chuva de meteoritos que hoje encanta os cientistas.
Capturada por muitas câmeras de vídeo, a explosão do asteroide que aconteceu em 15 de fevereiro de 2013
deixou em pedaços as vidraças de muitas janelas e a luz ultravioleta gerada foi
tão intensa que mais de vinte pessoas sofreram queimaduras na pele.
Não passou de um grande susto que ficou na memória
popular dos russos, mas para os cientistas, o meteorito de Chelyabinsk foi um
presente dos céus. Os astrônomos dizem que lhes trouxe conhecimentos sem
precedentes sobre a formação e as órbitas dos asteroides ou dos riscos de que
uma rocha rebelde possa cair na Terra. "Foi um evento notável", disse
à Mark Bailey, diretor do observatório Armagh, da Irlanda do
Norte.
Apenas uns poucos asteroides cruzam a trajetória da
Terra. Muitos menos sobrevivem ao choque e à fricção com a atmosfera. Os que o
fazem, provavelmente caem no mar, que cobre mais de dois terços do planeta ou
em uma zona remota, como um
deserto, a tundra ou a Antártica.
Mas o fato de um meteorito explodir sobre uma
cidade - onde telefones celulares e câmeras de
vigilância registaram o evento - e em um país dotado de uma rica tradição
científica foi uma oportunidade para os pesquisadores.
O acontecimento "nos deixou uma quantidade
colossal de informação", disse Viktor Grokhovsky, da Academia Russa de
Ciências.
saiba mais
- Mergulhadores retiram pedaço de meteoro de lago russo.
- Equipe encontra grande pedaço de meteorito que caiu em lago da Rússia.
- Rússia inicia "corrida" após localização de fragmentos.
- Cientistas afirmam que fragmentos em lago da Rússia são de meteorito.
- Rússia começa a conserta estragos causados por que de meteoro.
- Rússia diz que mais de mil foram feridos por que da meteoro.
- Meteoro deixa quase mil feridos e causa pânico na Rússia.
- Meteoro ou Meteorito? Veja a explicação na reportagem.
- Veja os estragos causados por queda de meteoro na Rússia.
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Câmeras
de vigilância ajudam a ciência
"Graças, em particular, às gravações de vídeo, Chelyabinsk é um dos 18 meteoritos com os quais foi possível fazer um cálculo retroativo de sua trajetória, para detectar de qual parte do cinturão de asteroides proveio", indicou Grokhovsky ao jornal "Rossiiskaya Gazeta". Sua idade foi estimada em 4,5 bilhões de anos, a mesma do Sistema Solar.
"Graças, em particular, às gravações de vídeo, Chelyabinsk é um dos 18 meteoritos com os quais foi possível fazer um cálculo retroativo de sua trajetória, para detectar de qual parte do cinturão de asteroides proveio", indicou Grokhovsky ao jornal "Rossiiskaya Gazeta". Sua idade foi estimada em 4,5 bilhões de anos, a mesma do Sistema Solar.
Após escutar estes preciosos testemunhos, os
cientistas estimam que o asteroide pode ter medido até 20 metros e pesado
13.000 toneladas.
Ao entrar na atmosfera, ele se tornou um objeto
dotado de energia equivalente a um milhão de toneladas de TNT, isto é, 30 vezes
a potência dabomba atômica de Hiroshima.
"O asteroide se desintegrou em pedaços
pequenos a 45 ou 30 quilômetros de altitude, evitando causar maiores danos na
superfície terrestre", informou, em novembro passado, um grupo de
cientistas tchecos.
A trajetória, acrescentam, sugere que o meteorito
foi alguma vez parte de um asteroide de dois quilômetros de diâmetro chamado
86039, inicialmente avistado em 1999 e que voltava a passar regularmente perto
da Terra.
Os caçadores de meteoritos se lançaram na busca de
fragmentos, inclusive um precioso e volumoso pedaço de meia tonelada,
recuperada no fundo de um lago congelado perto de Chelyabinsk.
Fragmentos
valiosos
Análises químicas revelaram que o meteorito era o que se chama de condrito LL, ou seja, pertencente a uma minoria de asteroides com alto conteúdo de cobalto.
Análises químicas revelaram que o meteorito era o que se chama de condrito LL, ou seja, pertencente a uma minoria de asteroides com alto conteúdo de cobalto.
Grokhovsky disse que os fragmentos apresentavam
diferenças intrigantes. Alguns estão recobertos de uma crosta mais escura,
outros a apresentam em toda a sua extensão e outros só na metade do seu volume.
"Talvez seja a radiação do espaço, o impacto ou o efeito da
fundição", acrescentou o especialista.
Um grupo de cientistas se reuniu em Houston em
março passado por ocasião da Conferência de Ciência Lunar e Planetária, que
dedica uma sessão especial ao evento de Chelyabinsk.
Capaz de
varrer civilizações inteiras
A última vez que um grande meteorito colidiu com a Terra foi em 30 de junho de 1908, quando um objeto com mais de 70 metros caiu em Tunguska, na Sibéria, arrasando 80 milhões de árvores ao redor em uma superfície de 2.000 metros quadrados.
A última vez que um grande meteorito colidiu com a Terra foi em 30 de junho de 1908, quando um objeto com mais de 70 metros caiu em Tunguska, na Sibéria, arrasando 80 milhões de árvores ao redor em uma superfície de 2.000 metros quadrados.
Os asteroides de Tunguska e Chelyabinski pertencem
à categoria mediana de asteroides com risco de impacto, segundo os astrofísicos
-- que podem infligir danos localmente e os de categoria superior, um dano em
escala regional.
Mas estão longe de pertencer à classe de asteroides
monstruosos de mais de um quilômetro capazes de varrer civilizações inteiras e
causar extinções maciças.
Isto aconteceu há 65 milhões de anos, quando o longo
reinado dos dinossauros terminou devido à mudança climática provocada pelo
impacto de um meteoro na península de Yucatán, no território mexicano atual.
O inquietante é que os danos potenciais de objetos
do tamanho do meteorito de Tunguska devem ser revistos à luz do que aconteceu
em Cheliabinsk. "Ao invés de impactar a Terra em intervalos de 4.500 anos,
como se pensava até agora, alguns objetos do tamanho de Tunguska podem, na
verdade, cair em intervalos de centenas de anos", advertiu Bailey.
"Ou seja, com frequência muito maior". ( Da France Presse)
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