"NÃO HÁ MOTIVO PARA PÂNICO"
(Reportagem reproduzida do Diário de Pernambuco: 09/03/2010)
(Reportagem reproduzida do Diário de Pernambuco: 09/03/2010)
Abalos intraplaca. É essa característica que garante aos especialistas a tranquilidade para afirmar que os tremores em Pernambuco, e no Brasil como um todo, não devem ser motivo para pânico. Isso porque os terremotos ocorrem na mesma placa e, por isso, são menos intensos. O preocupante é quando existe um choque entre placas tectônicas, como aconteceu no Chile, pois - esses sim - podem gerar tremores de grandes dimensões. A máxima magnitude registrada no estado alcançou 4 pontos, em maio de 2006, e assustou os moradores de São Caetano, no Agreste. Mas foi apenas um susto.
"Não temos probabilidade de ter danos como os do Haiti e Chile"
Heleno Lima - especialista UFRN
Apesar da pequena magnitude, os sustos são comuns nos tremores que acontecem em Pernambuco. E isso tem uma causa. O geofísico Roberto Gusmão, do Serviço Geológico do Brasil (vinculado ao Ministério das Minas e Energia), esclareceu que a percepção dos abalos depende da profundidade de ocorrência. Quanto mais raso, mais perceptível será o tremor. E como outra característica de Pernambuco é conter abalos rasos (de até 12 quilômetros), as pessoas conseguem sentir a movimentação, ou um leve balanço. E não é só. O tipo de rocha mais comum no estado, a sedimentar, também favorece a sensação.
"Esse conjunto de fatores faz com que as pessoas sintam os abalos. Mas isso não deve ser motivo de pânico", disse Gusmão, citando ainda a distância do hipocentro (local de ocorrência). O histórico sismológico de Pernambuco registra relatos de tremores desde 1811, tendo um desses sido sentido no Recife e em Olinda. Antes de São Caetano, o maior terremoto tinha acontecido em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, em 1970, com um tremor de magnitude 3,9. Desde então as pesquisas sobre o assunto têm sido aprimoradas e um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) chegou a contabilizar 214 ocorrências entre fevereiro e julho de 2007.
Picos - Tantas ocorrências na região se justificam pela proximidade com uma ramificação ativa do Lineamento Pernambuco, como é denominada uma falha geológica de cerca de 700 quilômetros, indo do Recife ao Sertão, com aproximadamente 30 quilômetros de profundidade. "A reativação dessa ramificação costuma estar relacionada aos abalos da região", afirmou o especialista da UFRN, Heleno Lima, arriscando que a ocorrência de um tremor de magnitude 5 é possível, apesar de menos provável. Se acontecesse, o fenômeno poderia derrubar uma casa. Mas os especialistas alertam que a magnitude 5 não é tão próxima dos 8,8 que provocaram perdas no Chile, na semana passada.
Um tremor de magnitude 6, por exemplo, tem o impacto semelhante a uma bomba atômica. Com magnitude 8, a energia gerada equivale a 1.024 bombas atômicas. "Por isso, não temos a probabilidade de ter danos como os do Haiti ou Chile", destacou Lima. Outra característica específica do Nordeste, além dos tremores rasos, é a duração dos abalos que costuma chegar a meses ou anos como em uma permanente e leve acomodação. Nesse período, alguns picos podem ser sentidos em um fenômeno denominado de enxame de sismos.
"Não temos probabilidade de ter danos como os do Haiti e Chile"
Heleno Lima - especialista UFRN
Apesar da pequena magnitude, os sustos são comuns nos tremores que acontecem em Pernambuco. E isso tem uma causa. O geofísico Roberto Gusmão, do Serviço Geológico do Brasil (vinculado ao Ministério das Minas e Energia), esclareceu que a percepção dos abalos depende da profundidade de ocorrência. Quanto mais raso, mais perceptível será o tremor. E como outra característica de Pernambuco é conter abalos rasos (de até 12 quilômetros), as pessoas conseguem sentir a movimentação, ou um leve balanço. E não é só. O tipo de rocha mais comum no estado, a sedimentar, também favorece a sensação.
"Esse conjunto de fatores faz com que as pessoas sintam os abalos. Mas isso não deve ser motivo de pânico", disse Gusmão, citando ainda a distância do hipocentro (local de ocorrência). O histórico sismológico de Pernambuco registra relatos de tremores desde 1811, tendo um desses sido sentido no Recife e em Olinda. Antes de São Caetano, o maior terremoto tinha acontecido em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, em 1970, com um tremor de magnitude 3,9. Desde então as pesquisas sobre o assunto têm sido aprimoradas e um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) chegou a contabilizar 214 ocorrências entre fevereiro e julho de 2007.
Picos - Tantas ocorrências na região se justificam pela proximidade com uma ramificação ativa do Lineamento Pernambuco, como é denominada uma falha geológica de cerca de 700 quilômetros, indo do Recife ao Sertão, com aproximadamente 30 quilômetros de profundidade. "A reativação dessa ramificação costuma estar relacionada aos abalos da região", afirmou o especialista da UFRN, Heleno Lima, arriscando que a ocorrência de um tremor de magnitude 5 é possível, apesar de menos provável. Se acontecesse, o fenômeno poderia derrubar uma casa. Mas os especialistas alertam que a magnitude 5 não é tão próxima dos 8,8 que provocaram perdas no Chile, na semana passada.
Um tremor de magnitude 6, por exemplo, tem o impacto semelhante a uma bomba atômica. Com magnitude 8, a energia gerada equivale a 1.024 bombas atômicas. "Por isso, não temos a probabilidade de ter danos como os do Haiti ou Chile", destacou Lima. Outra característica específica do Nordeste, além dos tremores rasos, é a duração dos abalos que costuma chegar a meses ou anos como em uma permanente e leve acomodação. Nesse período, alguns picos podem ser sentidos em um fenômeno denominado de enxame de sismos.
Alagoinha é o quinto ponto sísmico do estado
Até então Pernambuco tinha quatro pontos sísmicos identificados, todos no Agreste: dois em Caruaru, um em São Caetano e outro em Belo Jardim. Alagoinha aparece agora como quinto.
Sismólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que monitoram terremotos no Nordeste, irão investigar qual o hipocentro (ponto de instabilidade na terra que irradiou a vibração) e o que fez provocar os recentes abalos em Alagoinha
Hipóteses
1- Lineamento Pernambuco
Há suspeita de que a sequência de leves terremotos tenha ligação com a zona de instabilidade do Lineamento Pernambuco, uma falha geológica abaixo do território pernambucano.
O Lineamento Pernambuco tem 700 km de extensão e 30 metros de profundidade. Começa no Oceano Atlântico, na cadeia de montanhas submersas (Dorsal Atlântica), e adentra o continente após o Recife, passando por municípios como Pombos, Bezerros, Caruaru e Pesqueira, terminando em Arcoverde. E ressurge em Floresta e vai até Ouricuri, no Sertão do Araripe, quase na divisa com o Piauí
Na região de Alagoinha, há uma estrutura geológica diferenciada. Uma ramificação dessa cadeia pode passar embaixo do município e causar os tremores. É a mesma origem dos tremores em Caruaru e Belo Jardim, no Agreste
2- Zona de fraqueza
Alagoinha pode sofrer reverberação sísmica de alguma área instável próxima e, por ser uma região de falha rochosa, sofrer tremores. Esse comportamento sísmico pode ser temporário, ou o que se chama de "enxame sísmico". Por um tempo determinado a energia acumulada vai se dissipando das rochas até interromper o ciclo
3- Movimento da crosta
O terreno onde se situa Alagoinha pode estar assentado em uma região de falha rochosa e ficar instável depois de uma movimentação da crosta terrestra, embora o Brasil esteja no meio de uma placa tectônica.
Na região de Alagoinha, há uma estrutura geológica diferenciada. Uma ramificação dessa cadeia pode passar embaixo do município e causar os tremores. É a mesma origem dos tremores em Caruaru e Belo Jardim, no Agreste
2- Zona de fraqueza
Alagoinha pode sofrer reverberação sísmica de alguma área instável próxima e, por ser uma região de falha rochosa, sofrer tremores. Esse comportamento sísmico pode ser temporário, ou o que se chama de "enxame sísmico". Por um tempo determinado a energia acumulada vai se dissipando das rochas até interromper o ciclo
3- Movimento da crosta
O terreno onde se situa Alagoinha pode estar assentado em uma região de falha rochosa e ficar instável depois de uma movimentação da crosta terrestra, embora o Brasil esteja no meio de uma placa tectônica.
Fonte: UFRN
Nenhum comentário:
Postar um comentário